segunda-feira, 19 de julho de 2010

Praia do Forte

Sete horas: de pé! o caminho pra Praia do Forte exige alguns ônibus (tá, só dois, mas é que é Bahia, óxente!). e lá fomos a Márcia e eu. São Marcos à rodoviária (de onde o próximo era só às 11h), atravessa a plataforma, a outra, até chegar ao ponto do Itaú por onde passava outro ônibus. pois lá já fomos abordadas por um cara da van (afinal, também é Brasil!). negociei o preço (afinal, sou brasileira) e entramos ali - ainda bem, antes de sair. porque, no caminho, o homem não parava de pôr gente dentro daquele veículo até que uma mulher que esperava à beira da pista entrou e disse: vixe! mas é perigoso! e o homem retrucou de pimpa: perigoso é a senhora esperar aqui!
aaaai, como eu ri por dentro (e um pouquinho por fora também). ôooh Brasilzão das futrinca!
então chegamos à vila que é a Praia do Forte. bastante turística, é vero, mas bem bonitinha. muitas lojas de grife, biojoias, artesanato para casa.
no hostel, encontramos uma campineira companheira de quarto. ela tem três hérnias na coluna e artrose, que já afeta os braços e a cervical. não pode andar muito, tem que usar um saltinho. uma das alemãs tinha cortado o cabelo no quarto e jogado na pia - que estava entupida. ela havia combinado com outra alemã de ir pra Mangue Seco amanhã, pois não queria viajar sozinha, mas, sabendo que iríamos pra Morro de São Paulo, pensa em desmarcar com a colega alemã, que cedo foi pra praia e nem a chamou. como eu andava de chinelo? como carregava aquela mochila nas costas? isso é sério, hein? se não se cuidar, você sabe que pode ficar na cadeira de rodas? o meu caso já é de cirurgia. prótese!
pois bem, como ela já tinha almoçado, tivemos o azar de não poder contar com sua agradável companhia. o comércio é bem forte aqui, coisas de lugar onde tem muito gringo (não só de outros países).
Sede do Projeto Tamar. lugar bacana. um trabalho admirável! sempre penso o que teria sido de mim se eu tivesse resolvido mesmo fazer biologia. não estaria mal, creio.
depois fomos caminhando pela praia até as piscinas naturais. a maré não estava tão baixa, mas se vê seu contorno pelas águas verdes mais claras (e a água estava quente!).
a praia é toda rodeada por coqueiros enormes, lindos. paradisíaco.
no caminho, um garoto veio falar com a gente: vocês não lembram de mim? ofereci as bicicletas pra vocês lá na frente do hostel. então nos acompanhou pela praia. ele é guia tuístico e dá aula de percussão pra molecada da vila, o Jefferson. agora, são uns 30. vocês tão com sede? sim. vou pegar um coco pra vocês. e subiu no coqueiro, derrubou 3 cocos, abriu na mão, com um galho, e nos deu. naquele momento eu pensava em tanta coisa!
tanta coisa mesmo... que isso parece sonho, mas que, não sendo, é realidade. é uma realidade que eu vivo agora, é a realidade desse menino que nasceu num lugar como este e que, desde moleque, brinca no mar, trepa em coqueiro, abre coco, toca atabaque, pesca com a mão.
cada vez maior a minha convicção de que a gente tem é que se jogar no mundo. sim, é claro, o que nos toca no bom sentido também pode fazê-lo pelo lado negativo - e assim que fiquei com dor de estômago por mais de mês ao voltar de um preassentamento em 2007.
mas sou apaixonada por isso tudo. às vezes tenho a impressão de que, se pudesse, me fundiria com o mundo pra viver tudo e todos que fossem possíveis.
prossigo com o Auster. fantástico.
ah! claro! fomos comer beiju (ou tapioca) na Casa de Farinha. é um lugarzinho feito de taipa no meio do passeio onde um casal (a senhorinha de lenço na cabeça) e mais um homem preparam tudo em um fogão à lenha. lindo.

2 comentários:

Unknown disse...

"o que nos toca no bom sentido também pode fazê-lo pelo lado negativo - e assim que fiquei com dor de estômago por mais de mês ao voltar de um preassentamento em 2007." (juntaria boa parte do que está um pouco antes também)
mas se não fomos para os mesmos lugares em 2007, ou 2006,(eu fui em 2007 pra Itapeva), não lembro, se era Itapeva, ou não, não importa também, esse sentimento é atordoante e (me) aparece em diferentes momentos...

“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em buscar novas paisagens, senão em ter novos olhos” (Marcel Proust)

Helô Cuente disse...

oi, Hugo! para Itapeva fui em 2006 e foi muito tranquilo (fiquei na agrovila 1). a dor foi depois de Cajamar, era inverno e naquela época ainda não havia água, luz nem construções.
obrigada pelas peregrinações.