domingo, 20 de setembro de 2009

Berlim, Londres, Campinas, São Carlos

Sempre quis manter um blogue, mas nunca achei que tivesse algo de interessante pra escrever (ou para que os outros lessem). Durante a viagem me senti com maior liberdade pra contar o que via e o que pensava a respeito das coisas, mas agora me parece que as minhas viagens seriam maiores exposições. Escrever é se expor.
Em Paris pensei em apagar tudo o que tinha escrito, mas é tão legal saber que seus amigos estão lendo aquilo. É uma forma de comunicação.
Sobre o tour eu ainda tenho muito o que contar, mas já não parece fazer sentido faze-lo por aqui estando de volta a terras tupiniquins.
Me senti muito mais estimulada para voltar ao francês. Na sexta a aula foi boa. Tenho recuperado muito do que havia esquecido.
Ah! Dicas de Berlim: 1) bebam Jagermeifter (se lê iagamáister), uma bebida amarga, estilo vernet (não sei se se escreve assim), mas não muito! Uma dose é boa, duas é melhor ainda. A partir da terceira eu já não me responsabilizo.
2) O Hamburger Bahnhof (museu de arte contemporânea) também é muito interessante. Tem trabalhos ótimos! Entre eles, Beuys, Nam June Paik (enfim!!!), Andy Warhol (não, não, não me interessa tanto assim) e muitos outros legais.
3) a tal da squat de que eu já falei. Fica próxima à Friedrichstrasse. Lá tem um bar chamado Zapata onde rola música ao vivo, cinema, trabalhos de alguns artistas (nada muito interessante), outros bares. Muito legal!
Não comi um apfelstrudel!
Descobri mais ainda que eu amo mostarda! Vou mudar minhas compras da moutarde à l'ancienne pra de dijon.
Em Londres tive a impressão de que vi muito pouca coisa. Foi ótimo conhecer o cantinho da Mora! Logo que chegamos fizemos um almocinho. Que saudade dos tempos antigos!
Saindo do metrô, dei de cara com o Big Ben, que não é tão big quanto eu pensava, mas bem.
Na primeira noite fizemos um rolezinho pelos pubs. Interessante.
Lá as pessoas não se misturam tanto, mas também penso que porque não abrimos espaço pra isso.
Londres é uma loucura! Acho que uns 20% dos que vi por lá eram ingleses. O que mais circulam são outras línguas, outras caras.
Na estação London Bridge existe uma balada chamada Shunt. São galerias subterrâneas (que cheiram a mofo), corredores de tijolo à vista onde vários artistas criam e expõem seus trabalhos. Em outros espaços maiores rola som ao vivo. Nunca vi nada parecido! Melhor ainda que uma conhecida da Morena trabalha lá. Entramos de graça e ganhamos cerveja.
Realmente, muitos dos ingleses bebem e ficam insuportáveis!
O Tate Modern é demais! Passei mais boas horas por lá pra não ver tudo, como sempre.
Episódio Joseph Beuys
Fico extremamente irritada com pessoas que passeiam em museus como em shoppings. Sou chata mesmo, peço pra fazerem silêncio. Notei que não são só os brasileiros que são sem noção.
Pois bem, lá estava eu em frente ao Joseph Beuys (a um trabalho dele cujo nome depois eu coloco aqui), tentando sentir ou entender o que raios eram aquelas coisas amorfas no chão, quando ouço três mulheres fazendo um alvoroço. Dessa vez eram brasileiras. Ultrapassando a sala, olhando o trabalho malemá de canto de olho, uma diz: Veja lá se isso é arte! Parece um monte de cocô de cavalo!
Pensei em esbaforir mais da minha chatice, mas achei melhor ficar quieta pensando. Preferia que fosse cocô de vaca. É mais cheiroso.
O British Museum é um saco (museuzão antigão, cheio de objetos, obras e pessoas mortas roubadas de outros países)! A pobre da Cleópatra tá lá toda enrolada! Tem resto de gente conservada desde 250 anos antes de Cristo.
A National Gallery é bem bacana, mas entediante. Só pinturas. Muitas delas! Eu já estava cansada de 3 semanas de museus, com pouco tempo, liguei pra Dani e perguntei: Aonde eu vou pra andar, ver gente? Me esqueci o nome do bairro (é composto). Bem legal! Depois eu conto. Tem umas feiras de mil coisas: roupas, acessórios, bugigangas, etc. Lugarzinho descolado, meio underground pero no mucho.
Não tomei o five o'clock tea!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Wor(l)ds

Va la! Comecemos pelo comeco (mais uma configuracao de teclado). Sai de Paris ansiosa pra me encontrar com a Mora, AMIGA que nao via ha ano e meio. Fui para a estacao de trem com o burrico nas costas e la nao havia onde sentar. Essas estacoes mais parecem com rodoviarias, quase nao ha controle algum.
Fui pra Amsterdam contando os minutos.
O quarto do hostel ficava no segundo andar. Subi as escadas com a mochila e comecei a me enganchar no corrimao (um pouco alto para os padroes), a tombar, e um carinha que vinha atras me perguntou se eu queria ajuda, disse que nao, perguntou se estava tudo bem e eu gargalhando, pensando que ele imaginava que, mal chegada a cidade, ja estava nas alturas com alguma substancia.
Tive que me desfazer do peso antes de dar um abraco na Mora. E digo que a viagem foi o que (ou mais) eu esperava dela, afinal, como poderia ser com Morena Madureira e Maluzinha Reigota, minha modelo renacentista?
Os canais que costuram a cidade sao lindissimos e nos andamos muito recortando o mapa por ali. Mas, eh claro, dois dias sao muito pouco.
Passamos a madrugada no aeroporto compartilhando um MP3. Malu voltou pra Londres e Mora e eu rumamos pra Berlim.
No aviao passamos por uma pegadinha. Um japones muito doido se fingindo de aeromoco (isso, eh claro, eh uma hipotese levantada pela Morena).
Essa viagem quebrou com a vaga ideia que eu tinha da Alemanha. Os alemaes sao mais calorosos do que eu pudesse imaginar e as coisas parecem mais calmas, mais comuns do que eu supunha.
Conhecemos uma squat que fica a dois quarteiroes do hostel. Squats sao casas ocupadas, que se tornam moradia ou - como nesse caso - centros culturais e afins.
O predio foi um shopping judeu e, durante a Segunda Guerra, se tornou um ponto nazista que foi bombardeado. Durante a Guerra Fria, a construcao (assim como muitas outras localizadas na Alemanha oriental) foi abandonada. Com a queda do Muro de Berlim, o espaco foi ocupado pra se tornar um centro cultural. Hoje ha alguns bares em diferentes andares e na parte de tras (quintal) e exposicao do trabalho de varias pessoas. Muito interessante! Acabamos indo la duas noites seguidas. Conhecemos um pessoal que mora na cidade e que tirou algumas das nossas muitas duvidas.
Conheci um berlinense que conhece a Christiane F. ("13 anos, drogada e prostituida", lembram dela?). Especie de heroina aos meus 15 anos.
O unico (e grande) problema nosso la foi o idioma. Eh horrivel estar em um lugar onde nao se pode comunciar, se expressar, entender as placas, o que as pessoas, os cardapios e anuncios dizem. Talvez por isso tenhamos achado que la faltam informacoes sobre tudo (mas ainda acho que nao so por isso). A configuracao da cidade eh mesmo muito diferente.
Na minha vida eu pensava em estudar alemao pra ler Sociologia. Hoje talvez eu pense em outro uso pra ele.
Agora em Londres, saio.
See you later!

sábado, 5 de setembro de 2009

Tempo

Ops, caros. Nao tenho tido tempo (nem acento) suficiente pra escrever.
Amsterdam eh uma cidade bem interessante, mas dois dias nao sao suficientes nem para se conhecer as redondezas do seu quadrado.
A paisagem que mais vi foram bicicletas caidas nas ruas. As pessoas as deixam soltas nas calcadas e na cidade venta muito. O transito eh caotico e o pedestre eh o ultimo a ter preferencia. Em primeiro, os trens, em segundo, ciclistas, em terceiro, carros, em quarto, pombas. Por ai segue...
Ca a Berlim chegamos ha pouco, Mora e eu.
Cada vez me ficam mais claras minhas formas de percepcao das coisas. Estar em cada lugar eh sentir o fluxo, reconhecer o comportamento das pessoas, seus gostos, costumes, seus cheiros.
Eh bom andar pelas ruas menos movimentadas, ver os pais com as criancas, os idosos, adultos, jovens, todos. E, claro, sempre que possivel conversar com alguem dali.
Aos poucos eu escrevo...
Saudade de muitos.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

La journée

Hoje o dia acordou chovendo, preguiçoso. Enrolei um pouquinho por aqui até tomar coragem pra fazer o que tinha me disposto a: ir ao Musée d'Orsay e ao quai du Branly. A fila tava das grandes e eu me senti como uma criança acompanhando a mãe ao banco num dia de vencimento de contas.
Depois de ter tido alguns pequenos contratempos fisicos na vida (sempre com a coluna), penso que nosso modo de estar no mundo se deve muito a essa relação. Esse estado de dor limitou minhas visitas hoje. O que foi bom, porque consegui não passar de 2 horas em um mesmo museu e vi - mais ou menos - o que queria. De qualquer forma, tudo eu não veria mesmo. Com o Louvre e o Pompidou mesmo estou em grande desvantagem. Pois bem, d'Orsay da hora. Descobri que eu nunca havia sabido o que era Van Gogh. Puta que pariu! Os outros são bons, sim, mas nada de se alarmar. Do Toulouse Lautrec eu gostei muito também. Pelo resto (fora Monet, Degas, os varios nascimentos de Vênus) passei na marcha atlética.
Branly. Ahhh, Branly! Objetos não indexados expostos com proveniência de: Asia, Africa, Américas e Oceania. Além disso, uma exposição temporaria sobre o Tarzan. é de foder, né? Bom, se fosse, talvez seria melhor (haja vista meu gosto por determinadas obras). A começar pela escolha do dito, você sobe pro mezanino e da de cara com um chimpanzé gigante, ursinhos de pelucia (que, sabe-se la o que têm a ver com o personagem), bonecos do Tarzan (estilo um Ken da Barbie), etc. Na saida, tomada pela minha chatice crônica, eu tive que deixar minhas observações no caderno de recados da recepção.
Comprei um Bordeaux pro seu Marinho e voltei. Acabei de experimentar uns macarrons. São docinhos parecidos com um minihamburguer. Existem de varios sabores e são levinhos, bons.
Hoje me dei conta de que eu não escrevi sobre a torre Eiffel. Foi legal, mas, realmente, não é o tipo de lugar pra se pedir alguém em casamento.