terça-feira, 27 de julho de 2010

paca, tatu

hoje a paz voltou a reinar em minha cabeça.
seguindo minhas preces, São Pedro enviou poucas nuvens à Bahia e, então, saímos para Boipeba. tendo internet sem fio, Armani resolveu vir junto - pois ele precisa trabalhar.
rumamos à lancha e, quando chegamos, ele desistiu com medo de molhar seu violão e o computador. então tchau. sorry. no problem. sem contatos, sem nada.
aí lá estou eu pensando na vida antes da lancha sair quando volta Armani, violão já metade molhado. nem perguntei o porquê da mudança, mas, enfim, ele ficou mal humorado pelo resto do dia. isso teve lá seu lado bom.
aqui chegando, lá fui eu pra praia sozinha. Tassimirim, onde fica? pra lá. não havia ninguém no caminho. comecei a me lembrar da "cosmologia" da Ilha (Comprida), onde meus tios têm casa e onde passamos parte da infância. parecia o paraíso, mas pouco a pouco, cada um de seus personagens foram morrendo assassinados.
pois bem, eu ali na estradinha de areia, sozinha, pensando se devia prosseguir ou não. o barulho do mar ali pertinho (mas no deserto também há miragens). cruzei com um rapaz de carroça que me informou - não, esta é a Cueiras, a Tassimirim é pra lá.
Cueiras, eleita uma das 10 praias mais bonitas do mundo (sabe-se lá por quem). de fato, este lugar é lindo demais!
a praia, quase vazia, tem a areia muito fina e clara e é toda cercada por coqueiros.
um rapaz passa e - vamos surfar? - não, obrigada. apesar de que eu sempre ter querido surfar, mas não era hora.
depois de um tempo, ele me chama de novo - quer coco? a gente vai pra Boca da Barra e vai pegar uns cocos. aceitei.
nada melhor do que andar com um nativo. o Felipe é professor de surf e mergulhador de resgate - além de pescador. me mostrou vistas lindas pelo caminho e o lugar para onde ele vai quando fica estressado. - você consegue ficar estressado aqui?
passamos por Tassimirim também e entramos no sítio do pai dele. tomamos coco, vi toca de tatu. - que animais vivem por aqui?
- muitas aranhas, jiboia, paca, tatu [cotia não?], tatu peba (que, dizem, come defunto), saruê [é isso que a Iara Rennó canta?], e o tal do joão pará, um bicho parecido com macaco mas que não é macaco, anda em duas patas e tem um rabo enorme. tem um homem por aqui que tem apelido de João Pará e que, quando o chamam assim, corre atrás da molecada com o facão. nunca pegou um.
a Boca da Barra é onde o mar se encontra com o Rio do Inferno. Morro de São Paulo era o ponto em que os portugueses protegiam nossas terras contra os holandeses. quando estes últimos encontraram o rio, passaram a tentar entrar por ali. como há muitos bancos de areia, os barcos encalhavam e os tripulantes eram atacados por indígenas canibais. daí o nome.
o Felipe e os dois amigos dele (o Gambá e o Gilson - acho) são descendentes de tupinambás, me disseram.

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