sábado, 28 de maio de 2011

Querido Papai Mario Salvador Pisani,

farei uma breve resenha de como foi tenebroso este meu dia de hoje para, ao final, fazer-lhe um apelo.
Estava eu preparando um apetitoso macarrão para minha solitária janta quando me deparo com quem? Uma barata.
Depois de tanto matar baratas nesta casa passei a temê-las, porém ainda a segui até a sala de jantar onde tentei lhe deferir um golpe, em vão. Fugiu para o banheiro de visitas onde espero que o rato que lá habita há anos a coma, passe mal e também morra. No entanto,  também temos que admitir a hipótese de que essa barata seja bastante nutritiva e dê as forças que faltavam para o rato finalmente estourar aquele ralo e adentrar nosso humilde lar.
De acordo com a teoria darwinista da seleção natural, eu realmente acredito na hipótese acima, afinal, para a barata que eu encontrei hoje na cozinha conviver com a que eu acabei de encontrar no nosso banheiro, tem que ter uma força física ou intelectual bastante grande, e vou dizer por quê: esta última, além de voar, tem aproximadamente dez centímetros de comprimento por três de largura, antenas assustadoras, era possível ouvir seus passos em alto e bom som e, o pior de tudo, é incrivelmente destemida, pois, assim que me viu, partiu para o ataque. Numa atitude desesperada - já que me é clara a impossibilidade de enfrentá-la - fechei a porta e coloquei uma toalha para tentar evitar uma possível fuga para os demais cômodos da casa - tais como os quartos onde sua família tentará repousar esta noite -, contudo, acredito que tenha o conhecimento de que as baratas são animaizinhos extremamente flexíveis, portanto, capazes de ultrapassar qualquer barreira imposta por nós, humanos.
Dessa forma, peço, suplico, imploro, que alguma medida seja tomada. Esta casa é muito pequena para acomodar todos nós e, gostaria de não ter que dizer isto, mas você terá que escolher. Ou elas saem, ou eu saio!
Sua filha, Heloisa Pisani.

São Carlos, 31 de janeiro de 2004.    (2h23 da madrugada para o dia 01/02)