domingo, 30 de agosto de 2009

Dimanche

Hoje logo cedo resolvi ir à feira de que o Lala me havia falado (sim, Rodrigo Bulamah, você mesmo). Au metro de la Nation, me disse. La fui eu. Baldeia pra ca, baldeia pra la, à procura dos orgânicos (so pra ver, porque, é claro, eu nao ia cozinhar), queijos direto das fazendas, cidadãos franceses num ensolarado domingo de manhã, etc. Desci à la place de la Nation. Monsieur, est-ce qu'il y a un marché prêt d'ici? Non, madame. Pas aujourd'hui. Ahn... Merci!
Ai ele me indicou que pegasse o ônibus 86 até a Bastille que por ali haveria uma, grande. Resolvi ir a pé. As pessoas normalmente acham os lugares longe (aha! e ai esta novamente a questão tempo-espaço, porque num dia comum caminhar ate la seria impossivel).
No caminho encontrei um café muito simpatico, com donos jovens muito simpaticos tambem (hoje foi o dia de desinjuriar dos franceses). Dali a pouco, uma livraria pequenica, mas cheia de arte, cinema, filosofia. Rancière? Non. Guy Debord (desgraça!), oui, ali estava. Um grande amigo - que, ja dizia a critica, vale por mais de dez - me pediu para, se possivel, comprar l'Oeuvre. 1901 paginas. Pra quem esta viajando de mochila, não é um mero detalhe. Mas não aguentei. Imagino que esse livro no Brasil (não me lembro se existe tradução) valeria, no minimo, 4 vezes mais, o que, dependendo de um esforcinho meu, poderia ser economizado. E então passei o resto do dia com um quilo de feijão na mão (ja que na minha mochila cabe pouco mais do que minha câmera). Dalma, pra compensar isso você vai ter que, no minimo, me levar de cavalinho até o Gatti!
Cheguei a uma outra feira que nao a que o homem da la Nation me indicou, mas que também ficava na Bastille. Eu acho muito, muito legal ver tanto tipo de queijo (tem coisas com as quais eu acho demais não nos acostumarmos). Comprei um estilo de parmesão (ao menos pra mim é parecido), so que laranja. Um dos poucos que podem ficar fora da geladeira (quase engasgando nos érres, mas consegui fazer essa pergunta em francês).
Então fui pro Pompidou. Ah! Pra isso pedi informação pra mais uma das muito simpaticas pessoas do dia e, pra exercitar a mundana rotulação do mundo, estou elaborando um pressuposto de que francesas de cabelos vermelhos sempre são simpaticas (pra voltar para o hostel no fim do dia, mais uma vez tive essa confirmação).
De novo aquela surpresa de ah! que prédio grande! sera que é o Pompidou? Mas desta vez era.
Hoje a visita durou 5 horas. So vi a exposição temporaria Elles, com obras de artistas mulheres. Fantastica! (seria vergonhoso eu não falar isso depois de dizer que passei tanto tempo la). Uma das que mais gostei foi Heartbeat, de não me lembro quem - logo escrevo, mas não sou conhecedora das artes visuais e o nome dela ta la em cima no quarto (Nan Goldin). O trabalho é um video, com trilha da Björk (!), que exibe fotos de varios casais em momentos intimos, pré, durante ou pos-sexo. A composição é de uma sensibilidade tão grande! Tive a sensação de que toda a sala ficava entorpecida. Entre os casais fotografados havia um de adolescentes, um hetero entre os 30 e 40, um casal gay (de homens) e outro entre os 40 e 50. Tudo muito delicado e com uma luz muitissimo bem trabalhada. Nossa! Acho que um dos melhores que ja vi.
Havia também uma Lygia Clark ali. O Caranguejo. Imaginei que aquilo em movimento devia ser bem mais interessante.
Subi pro acervo permanente, mas não dei conta. Corri pra ver uns Picassos, Matisses, Mondrian, Miro, Modigliani, Lérger... mas não me atentei.
Na saida comprei o catalogo (Sérgio, era pra conversar com você a respeito). Quando cheguei ao hostel, abri pra rever algumas coisas e eis que! A maioria dos trabalhos que estão ali eu não vi!!! Como assim? Eu achei que tivesse visto tudo. E o Heartbeat não ta la não. Bom, ainda serve pra conversarmos. Alias, tem um (ou uns) que me lembraram muito o seu trabalho.
às 6h (nunca começo frases com à ou é em letra maiuscula porque se se aperta o shift, elas viram outra coisa) eu almocei/ jantei e achei que fosse ver o pôr do sol na Eiffel. Melhor deixar pra um dia de semana. Mas a razão maior foi a dor nas costas. Estou virando atleta por aqui, o que é bom, ja que a comida por aqui é tentadora. Se bem que mal tenho parado pra isso. Comer tem sido o momento de (além de comer, é claro) sentar, escrever alguma coisa, fazer mil expressões faciais achando que o garçon vai me entender assim e por ai vai.
Hoje conversamos mais no quarto. A nigeriana que eu havia conhecido no primeiro dia, uma russa muito gente boa e, agora, um canadense que perguntou is it a mixed room? Ao que eu respondi it wasn't 10 minutes ago, but now I think it is.

4 comentários:

Rodrigo Langeani disse...

Nossa, estou me divertindo com seus relatos. Não sabia que vc estava no velho continente, também pudera não falo contigo faz umt empão.
Além de me fazer viajar por aqui, suas estórias estão servindo de conbustível para minha viagem para a europa que se tudo der certo rola o ano que vem!
Bon voyage!

Licajoca disse...

Uau, está se divertindo por aí hein...
Continue mandando notícias!!!
E cuidado com o canadense hahahaha

Unknown disse...

Linda!
o vídeo que tanto gostou se chama HeartBeat e não HeartBreaker...rssss (prefere espremer corações ao invés de fazê-los pulsar? que má! don't do it, please! rs).
A artista se chama Nan Goldin. Achei o vídeo no youtube, but, infelizmente, sem o áudio (hunf!)

AMO!

ps: cuidado com a namorada do canadense.rs

Helô Cuente disse...

eu falei, to ficando dislexica! hehe.
Rodrigo, que bom que voce ta ai! Nos falamos!
Louquissima, voce ta bem?
Beijos!