domingo, 7 de fevereiro de 2010

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios

Entreguei-lhe o livro e disse que, desse sim, ele gostaria. Depois de ter lido um de meus autores preferidos - mas cuja obra entendo ser bastante específica, variável e, talvez, de um humano denso demais para pessoas leves na vida -, recebia uma das melhores narrativas de um dos melhores criadores literários deste tempo. Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios.
Dizia a ele que não tomasse cuidado. De um furacão nunca nos esquecemos. Entramos na tormenta e tudo se passa de forma apaixonante, embriagada, doentia, capaz de remexer as entranhas.
De um capítulo  a outro é difícil parar. Sua falta é "como uma nuvem sinistra de abandono" que se estaciona em cima de mim. O Marçal nos amarra, obriga o leitor a continuar ali. Talvez seja metalinguagem. Me senti como um Cauby viciado em uma Lavínia. Queria viver aquela paixão, aquela doença.
Lembro de uma amiga que fora passar dois dias em casa. Impossível sairmos para uma cerveja, já que havia começado a ler o livro. Esperei que terminasse. Passara o dia grudada naquelas páginas. Imaginei o que sentiria ao pegá-lo, enfim. Precisava disto agora. E a cada dia suas palavras me convencem mais de o Marçal ser  um dos melhores autores.
Dele, eu recebo as piores notícias, uma tormenta sem a qual não há graça viver.

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