quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

4- O Cheiro do Ralo, do Lourenço Mutarelli

O Mutarelli foi uma surpresa boa no ano passado, quando li o primeiro (meu) livro dele, A Arte de produzir efeito sem causa. Supresa ou moléstia, congestão, crise de pânico, impulso pra fora da órbita, seus livros me pegam pelo estômago e deixam em outro estado de consciência por determinado tempo (que retorna sutil quando me lembro deles).
Sua escrita é muito ágil, entrecortada por pontos e referências. De Burroughs a cartas de tarô, o cara sabe de muita coisa estranha e constrói um mundo à parte. Talvez melhor: ele mostra o seu mundo, já que ele próprio pertence ao universo de que escreve e normalmente é o protagonista de suas histórias.
O Cheiro do Ralo é assim. Construída em primeira pessoa, a narrativa se dá pela visão do personagem principal (mais uma vez sem nome), um comprador de objetos antigos/ raros/ excêntricos, que vive atormentado pelo cheiro do ralo do banheiro de sua loja e passa a relacionar todos os seus problemas ao odor que sai do esgoto. Além disso, ele se apaixona por uma bunda, compra um olho de vidro e começa a reconstruir o corpo do seu pai.
A ideia inicial não era essa, mas o Mutarelli virou ator do filme (o segurança), o que deu outra cara à versão. 
Eu colocaria nesta lista outros livros dele (principalmente A Arte de produzir efeito sem causa e O Natimorto, que acabou de ser lançado no cinema), mas achei melhor optar por este pra justificar minhas outras escolhas.
Não podia deixar de fora, já que virou tema do meu projeto de mestrado. O livro e o filme.

Um comentário:

Daniel Gorte-Dalmoro disse...

A mesma tática por audiência, é? E o três?